Conflito entre Israel e Irã ameaça cadeias do agro

Aumento nos preços do petróleo, insumos mais caros e instabilidade no comércio exterior estão entre os possíveis impactos

13.06.2025 | 14:23 (UTC -3)
Aline Anile, edição Revista Cultivar

A ofensiva militar de Israel contra instalações no Irã, registrada na madrugada de 13 de junho, acendeu um alerta global sobre os desdobramentos econômicos e políticos do conflito, inclusive para o Brasil. A avaliação é do professor João Alfredo Nyegray (na foto), especialista em Geopolítica e Negócios Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUR).

O principal efeito imediato está na alta dos preços do petróleo, diante da ameaça de bloqueio parcial do Estreito de Ormuz, rota por onde a cerca de 20% da produção mundial. Para o Brasil, isso pode resultar em aumento no custo dos combustíveis, pressão inflacionária e novos reajustes na política de preços da Petrobras, com efeitos diretos sobre a produção agropecuária.

O setor rural também pode enfrentar encarecimento de fertilizantes e defensivos, já que o petróleo influencia o custo desses insumos. O Irã, inclusive, é fornecedor de ureia ao Brasil, e novas sanções ou retaliações comerciais podem dificultar o abastecimento. O estado do Paraná, destaque nas exportações de proteína halal, pode ser particularmente impactado caso países islâmicos imponham restrições comerciais a aliados de Israel.

Além disso, a escalada da tensão aumenta o chamado risco geopolítico, provocando fuga de capitais e desvalorização cambial. Isso pode elevar os custos de importação de máquinas e tecnologia agrícola, afetando diretamente a competitividade do setor produtivo.

O especialista ainda aponta que possíveis interrupções nas rotas marítimas do Canal de Suez também podem afetar o escoamento de produtos para mercados do Oriente Médio, Norte da África e Ásia.

Diante desse cenário, João Alfredo Nyegray destaca a importância de inteligência estratégica e monitoramento constante dos desdobramentos internacionais para mitigar riscos e proteger o desempenho do agronegócio brasileiro.

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